Como fazer o planejamento estratégico das mineradoras?

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Manter o foco no planejamento estratégico das mineradoras não é uma tarefa simples. Isso porque a operação consome tempo, energia e atenção. Além disso, a pressão por resultados imediatos é constante, e a cultura do curto prazo, muitas vezes, se sobrepõe à necessidade de olhar para frente, de enxergar o que está além da próxima carga despachada ou do próximo trimestre fechado.
Todo esse cenário é um dos grandes dilemas que vejo se repetir no setor mineral. Mesmo em empresas com estruturas sólidas e times técnicos altamente capacitados, a visão de longo prazo ainda precisa disputar espaço com um ambiente onde o operacional dita o ritmo e as prioridades mudam rápido.
Só que o mercado tem exigido uma postura diferente. Com a volatilidade do preço das commodities, a pressão crescente por práticas ESG, a transição energética em andamento e as novas tecnologias transformando a forma como operamos, não há espaço para conduzir o negócio sem uma visão estratégica clara e robusta.
É justamente para ajudar líderes como você, que estão à frente de decisões estratégicas em empresas de mineração, que resolvi compartilhar, de forma prática, o que considero essencial para estruturar um planejamento estratégico das mineradoras.
Continue a leitura e vamos lá?!
O que é o planejamento estratégico das mineradoras?
O planejamento estratégico das mineradoras é um processo sistemático essencial que define os rumos e as ações da empresa, para alcançar seus objetivos de longo prazo.
Como o setor de mineração conta com uma cadeia de produção longa, é importante que o planejamento estratégico inicie da esfera estratégica e desdobre até as áreas táticas e operacionais de maneira detalhada, com visões de médio e longo prazo, desenhados no formato de Centros de Operações Integrados (COIs).
No início, é importante que ele apresente uma análise detalhada do ambiente interno e externo, permitindo identificar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que influenciam o negócio, além dos objetivos de médio e longo prazo e quais ações serão feitas para alcançá-los.
Segundo uma pesquisa publicada no ResearchGate da Enegap, graças à sua importância para a economia brasileira, as atividades das empresas mineradoras tem se consolidade no país. Por isso, um planejamento estratégico das mineradoras capaz de apoiar às mudanças econômicas e tecnológicas se faz extremamente necessário.
Quais são os principais desafios do planejamento estratégico nas mineradoras hoje?
O planejamento estratégico das mineradoras exige um equilíbrio que, muitas vezes, não é simples de alcançar.
Ao longo dos anos, acompanhando o setor, percebo que alguns desafios são praticamente universais, não importando o tamanho ou a maturidade da mineradora.
A seguir eu destaco os que considero mais críticos:
1- A cultura operacional que ofusca o olhar de longo prazo
Falar sobre planejamento estratégico das mineradoras exige, antes de tudo, reconhecer que a cultura das operações ainda (infelizmente) prevalece em muitas organizações. Essa cultura valoriza a eficiência imediata, o cumprimento das metas de produção mês a mês, o foco no operacional.
O problema é quando essa mentalidade operacional consome todo o espaço da estratégia.
Eu já vi, por exemplo, empresas com roadmaps de longo prazo extremamente bem desenhados, mas que acabam sendo engavetados ou esquecidos porque o “dia a dia não dá trégua“.
Nessas empresas, o foco total na produção acaba deixando a estratégia de longo prazo sempre para depois. E o depois, sabemos bem, raramente chega.
Como a cultura operacional é forte, e mudar isso exige trabalho profundo de transformação cultural, além de uma liderança que respire e cobre planejamento estratégico das mineradoras com a mesma disciplina com que cobra tonelada movimentada.
2- A dificuldade de desdobrar a estratégia para todos os níveis da organização
Muita gente acredita que ter um planejamento estratégico nas mineradoras bem estruturado, aprovado pela alta liderança e apresentado nos eventos anuais já garante sua execução.
Mas a verdade é que, se ele não for desdobrado de forma clara para cada nível da organização, ele não sai do papel.
Quando os gerentes de operações e líderes de área conhecem apenas superficialmente os objetivos estratégicos da companhia, eles não conseguem criar conexão com a operação.
E isso não é falta de capacidade, é falta de conexão com o planejamento. A estratégia precisa fazer sentido para quem está na linha de frente. Precisa ser traduzida em metas claras, projetos específicos e KPIs que dialoguem com o dia a dia.
3- A volatilidade do mercado e a pressão por resultados imediatos
O mercado de mineração é brutalmente volátil. O preço do minério de ferro, caiu por 4 meses seguidos em 2021, gerando diversas preocupações para o setor. Em cenários assim, não é raro ver empresas revisando seu planejamento estratégico das mineradoras às pressas, cortando investimentos de longo prazo para segurar o caixa no curto.
Essa pressão constante para gerar resultado imediato corrói a visão estratégica. A alta liderança precisa de resiliência e, acima de tudo, de flexibilidade nos planos para reagir ao mercado sem comprometer a perenidade do negócio.
4- Os desafios de integrar as agendas ESG no planejamento estratégico das mineradoras
Até 2025, investimentos em ESG mobilizou investimentos na casa de US$ 53 trilhões globalmente, segundo dados da Bloomberg Intelligence, divulgados pela CNN. Para as mineradoras, essa pressão não vem só dos investidores. Vem dos órgãos reguladores, das comunidades locais e até dos próprios clientes, que querem comprar minério de fornecedores responsáveis.
Dessa forma, integrar ESG ao planejamento estratégico das mineradoras significa, antes de tudo, parar de tratá-lo como um “pilar separado”. ESG precisa estar no centro da estratégia e não como um apêndice. E isso exige:
- Antecipação nas estratégias de licenciamento e mitigação de impactos socioambientais;
- Investimento em energia renovável e redução das emissões de carbono;
- Projetos que gerem valor para as comunidades do entorno da operação.
Um caso interessante é o da Vale, que se comprometeu a atingir emissões líquidas zero até 2050 e vem investindo pesado em geração solar e eólica para abastecer suas operações no Brasil.
Como construir um planejamento estratégico das mineradoras?
Ao longo dos anos, percebi que o segredo de um bom planejamento estratégico das mineradoras não está só no método, mas na capacidade de conectar a estratégia com a realidade da operação e manter o foco na geração de valor de longo prazo.
Confira:
1- Comece com um diagnóstico que respeite as características da mineração
Antes de sair definindo objetivos ou KPIs, um bom planejamento estratégico das mineradoras começa com um diagnóstico preciso. Mas não qualquer diagnóstico. Ele precisa considerar a natureza do recurso mineral (profundidade, teor, extensão do corpo de minério), as condições de extração e a complexidade do território onde a operação está inserida.
Por experiência, sei que há uma tendência de usar modelos prontos, como SWOT, sem aprofundamento. Não caia nessa armadilha. Faça uma análise que reflita:
- O potencial geológico real (Life of Mine);
- A viabilidade técnica do projeto;
- O ambiente legal e socioambiental da região;
- A infraestrutura logística necessária (muitas vezes, você terá que construí-la);
2- Defina temas estratégicos que tenham aderência à realidade da operação e às tendências do setor
Um erro clássico no planejamento estratégico das mineradoras é cair no excesso de ambição. A definição dos temas estratégicos precisa ser realista, mas, ao mesmo tempo, ousada o suficiente para garantir a longevidade e a competitividade do negócio.
Aqui, costumo trabalhar com três perguntas-chave para direcionar a alta liderança:
- O que vai garantir a sustentabilidade da nossa operação nos próximos 20 anos?
- Como vamos antecipar os riscos (ambientais, regulatórios, de mercado) e transformá-los em vantagens competitivas?
- Que movimentos estratégicos precisamos fazer agora para sermos líderes de mercado amanhã?
E é aqui que entram temas como:
- Gestão da água e barragens
- Transição energética (exemplo: uso de energia renovável nas operações)
- Digitalização e automação (mineração autônoma)
- Relacionamento com comunidades e stakeholders
3- Desdobre a estratégia em programas, projetos e metas com visão de curto, médio e longo prazo
Desdobrar a estratégia em ações concretas é onde a maioria dos planejamentos estratégicos das mineradoras empacam. E, sim, isso acontece com frequência. A estratégia para no slide porque ninguém consegue traduzi-la em programas claros e, mais importante, com dono definido e prazo estabelecido.
4- Garanta governança e disciplina para monitorar e ajustar a estratégia
Uma das principais falhas no planejamento estratégico das mineradoras é não garantir uma governança forte e contínua para monitorar a execução e fazer ajustes. Estratégia sem governança é só um documento bonito.
O que eu recomendo?
- Crie fóruns executivos de governança da estratégia com reuniões regulares. Não é só no ciclo orçamentário!
- Garanta transparência e accountability para cada meta e projeto estratégico
- Estabeleça indicadores de tendência, não apenas de resultado. Assim, você age antes que o problema vire um número vermelho no relatório trimestral
O uso de softwares para o planejamento estratégico
A complexidade da cadeia produtiva, a pressão crescente por resultados sustentáveis e a exigência de governança sobre indicadores e projetos tornam inviável a gestão sem o apoio de uma plataforma tecnológica robusta.
É exatamente aí que o STRATWs One se destaca como a solução ideal para o planejamento estratégico das mineradoras. A plataforma foi desenvolvida para apoiar empresas que precisam de disciplina na execução estratégica, integrando metas, indicadores e planos de ação em um só ambiente.
Com ele, fica mais fácil desdobrar objetivos para todos os níveis da organização, monitorar indicadores em tempo real, registrar decisões em reuniões e garantir o alinhamento entre estratégia e operação — algo fundamental em um setor onde as variáveis mudam rápido e o impacto das decisões é bilionário.