PDCA vs PDSA: a escolha para escalar a melhoria contínua

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Quando olho para os portfólios de iniciativas de melhoria contínua nas empresas, sempre encontro o mesmo padrão: muitos projetos andando, poucos aprendizados reaproveitados e uma pergunta sem resposta clara: afinal, quando usar PDCA e quando usar PDSA?
Em vez de tratar “PDCA vs PDSA” como uma disputa acadêmica, escrevi esse conteúdo para mostrar como cada ciclo ajuda a equilibrar previsibilidade operacional, redução de risco e time-to-value, sem burocracia desnecessária.
Do ponto de vista prático, uso do PDCA é ideal para rodar com confiabilidade aquilo que já conhecemos (processos estáveis, compliance, rotinas críticas) e uso PDSA para testar hipóteses com segurança e velocidade, especialmente quando há incerteza relevante.
A diferença central entre os dois está no terceiro passo: no PDCA, “Check” verifica se deu certo; no PDSA, “Study” aprofunda a compreensão causária para ajustar a teoria antes de escalar, exatamente o que Deming enfatizava ao falar de aprendizado orientado por teoria.
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O que muda entre PDCA e PDSA?
No PDCA, a terceira etapa, do “Check”, verifica se o teste realizado alcançou a meta planejada no início. No PDSA, no entanto, o “Study” investiga a causa do resultado para ajustar a teoria antes de escalar.
Essa troca de uma verificação rápida por um estudo estruturado muda o tipo de decisão que você toma, seja de controle e padronização no PDCA, ou de aprendizado e adaptação no PDSA.
Além disso, o PDCA normalmente é indicado para processos já conhecidos, onde o risco de variação precisa ser baixo e a rastreabilidade alta (compliance, auditorias, rotina crítica). O foco é manter o que funciona sob controle e melhorar incrementalmente.
Já o PDSA é utilizado em cenários de redução de incerteza. Serve para testar hipóteses em pequena escala, aprender rápido e decidir se vale escalar, ajustar ou matar a ideia. É o motor do Model for Improvement.
Como orquestrar um portfólio de melhorias?
Quando desenho o portfólio de melhoria contínua, eu trato como alocação de capital: 70/20/10. É um princípio simples para equilibrar confiabilidade, incrementos e apostas de aprendizado. Ele é inspirado na lógica dos Três Horizontes, que ajuda a gerir o hoje enquanto se prepara o amanhã.
Funciona assim:
- 70% para rodar a máquina (PDCA): escolha processos conhecidos, alta criticidade, necessidade de estabilidade e rastreabilidade. Aqui eu coloco padronização, controle estatístico, correções e sustentações de ganho. É governança pura e o PDCA é perfeito para isso.
- 20% para incrementar com segurança (PDSA e depois PDCA): melhorias que exigem pequenos testes antes de institucionalizar. Eu gosto de testar com PDSA (hipótese clara, previsão de resultado, estudo do que aconteceu) e, quando dá certo, converto em padrão via PDCA.
- 10% para apostas de alto aprendizado (PDSA “puro”): hipóteses mais ousadas, com incerteza real. Eu limito o risco por escala e tempo (ciclos curtos, sandbox, reversibilidade alta) e cobro aprendizado validado, não só resultado. A ênfase no Study é o que diferencia para esse tipo de sugestão e foi justamente o ponto defendido por Deming.
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Exemplos por área
Abaixo separei alguns exemplos por área de quando usar o PDCA ou o PDSA:
Operações / Manufatura
Na troca de ferramentas de uma linha de envase, você pode rodar o PDCA quando o objetivo é dar confiabilidade ao que já deveria funcionar. Comece revisitando o padrão de trabalho, observando o tempo real de preparação ao lado do time, ajustando pequenos pontos do procedimento (ordem das etapas, organização dos itens e checagem final, por exemplo) e combine uma rotina simples de medição diária.
Nesse exemplo, a ideia é que em poucos ciclos, a equipe continue a executar da mesma forma, mas o tempo de preparação caia de forma consistente e o refugo diminua. Não porque “inventamos” algo novo, mas porque padronizamos o que funciona e corrigimos desvios rapidamente.
Por outro lado, quando há uma hipótese de ganho mais ousada (por exemplo, reposicionar a célula para reduzir deslocamentos) você pode trocar para o PDSA.
Para isso, comece definindo a mudança, deixando claro o que espera ver (menos passos e mais peças por hora, por exemplo), pilote em uma única linha por duas semanas, comparo o previsto com o observado e estude o porquê do resultado.
Se a hipótese se confirma e os efeitos colaterais são controláveis, você pode escalar, se não, ajuste a ideia ou abandone sem ter carregado risco para a fábrica inteira. O valor para a diretoria é direto: decisões baseadas em evidência, com custo e exposição pequenos.
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Finanças e Controladoria
No fechamento mensal, o PDCA pode ser utilizado para organizar as rotinas que não podem falhar. Você pode desenhar um calendário claro de etapas, marque os pontos de conferência, distribua as responsabilidades e acompanhe o andamento diariamente na última semana.
Depois de dois ou três ciclos, a ideia é que o fechamento aconteça no prazo, quase sem ajustes posteriores e os números chegam confiáveis e no tempo certo para o comitê executivo.
Todavia, quando há mais incertezas, ao testar um novo critério para aprovar investimentos você pode fazer uso do PDSA.
Para isso escolha uma unidade de negócio, por exemplo, e aplique o critério por um mês, deixe explícita a previsão de efeito sobre caixa e retorno esperado, e estude a diferença entre o que planejamos e o que ocorreu.
Essa leitura vai te ajudar a evitar “políticas zumbi” que consomem esforço sem gerar valor. A ideia é que você institucionalize quando a evidências sustentando a mudança. Do contrário, ajuste a teoria ou abandone.
Supply Chain e Logística
Em estoque e entregas, o seu primeiro passo pode ser patronizar a contagem cíclica, definindo como registrar divergências e criar uma rotina simples para corrigir causas (endereço errado, embalagem parecida, erro de unidade).
Com essa lógica, a ideia é que a acurácia melhore e os pedidos passem a sair completos e dentro do prazo com mais regularidade, que será a base para qualquer ganho futuro.
Já para fazer uso do PDSA, você pode replanejar a rota de um único corredor, por um período curto, com previsão explícita de redução no tempo porta a porta e no custo por entrega.
Durante o teste, observe também efeitos colaterais (atrasos em janelas críticas e retrabalho em devoluções). No “Study”, avalie o que gerou o resultado e decida: escala a nova rota, ajuste horários ou retorna ao desenho anterior?
Dessa forma, a empresa captura economias reais com risco controlado.
Próximos passos
Para finalizar por aqui, espero que você tenha endida que o ideal é usar o PDSA como o modo de aprender rápido onde há incerteza e PDCA como o modo de rodar com confiabilidade onde a operação não pode falhar.
Esse sistema dual dá previsibilidade de resultado, decisões pautadas em evidência e velocidade para escalar só o que comprovou valor.
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